Que pena... Ele se foi.






Os superpoderes do voto nulo



PRELIMINARMENTE:

Acho importante informar, antes de tudo, que há quem diga que isso tudo que está escrito a seguir é balela, conversa fiada e que o voto nulo não tem esses superpoderes que andam apregoando. Clique aqui e dê uma conferida.

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Bem, vencida essa advertência inicial...

O cidadão tem a opção de escolher um candidato como tem a opção de não escolher nenhum, se entender que nenhum candidato merece o seu voto. Aí entram os dois outros tipos de voto: o Em Branco e o Nulo.

a) VOTO EM BRANCO:

Em Branco não significa que o eleitor não escolheu nenhum candidato, mas sim que ele abdica de seu voto. Não é ato de contestação e sim de conformismo. Os votos em branco significam 'tanto faz' e são acrescentados ao candidato de maior votação no último turno. Exemplo:

Faz de conta que existem dois candidatos, o 'Bonzinho' e 'Ruinzinho'.
'Bonzinho' termina com 52% dos votos; 'Ruinzinho' recebe 35%; 10% são votos em
branco e; 3% são nulos. Isso significa que 3% dos eleitores não querem nem
'Bonzinho' nem 'Ruinzinho' no poder, mas 10% dos eleitores estão satisfeitos
tanto com 'Bonzinho' como com 'Ruinzinho', o que vencer está bom. Assim o
'Bonzinho' tem uma aceitação de 62% (52%+10%) do eleitorado.

b) VOTO NULO

Já o voto nulo é um protesto válido. Ele quer dizer que o eleitor não está satisfeito com a proposta de nenhum candidato e se recusa a votar em um ou outro, a existência dele permite que o eleitor manifeste a sua insatisfação. O voto nulo, ao contrário do que parece, é um voto válido.

Curiosidade: ninguém fala dele, nem mesmo nas instruções para votação. Explicam como votar em um candidato ou como votar em branco, mas ninguém explica como anular um voto...

Para anular um voto é preciso digitar um número inexistente no número do candidato. Se um eleitor votar em branco, o terminal avisa 'Você está votando em branco' e então pode confirmar, ou corrigir. Mas se o eleitor coloca um número inexistente num terminal, ele acusa 'Número incorreto, corrija seu voto'. Assim, os votos nulos são desencorajados pelo poder instituído. Mas basta apenas CONFIRMAR o número inexistente, e seu voto será considerado NULO.

Por que os votos nulos são desencorajados?
Por que ninguém fala deles???

Por exemplo: faz de conta que na eleição entre 'Bonzinho e 'Ruinzinho', 'Bonzinho' terminasse as eleições com 39% dos votos e 'Ruinzinho' com 31%; 10% de brancos e 18% nulos. As eleições teriam que ser repetidas e nem 'Bonzinho' e nem 'Ruinzinho' poderiam participar das eleições naquele ano. Se nenhum dos candidatos conseguirem a maioria (mais de 50%) no último turno, as eleições têm que ser canceladas!

Os candidatos são trocados e novas eleições têm que ocorrer. Ou seja,


O voto nulo, do qual ninguém fala e que o terminal acusa como 'incorreto', é o
único voto que pode anular uma eleição inteira e remover do cenário todos os
candidatos daquela eleição de uma só vez!!!
Acima de tudo NÃO SE OMITA, pois outras pessoas neste exato momento podem estar se organizando visando interesses, muitas vezes, opostos aos da coletividade, e do Bem-comum, e se dermos oportunidade, candidatos do tipo 'Ruinzinho' podem ser eleitos às custas de nossas omissões.

Depois não diga que eu não avisei!

Despedidas


Toda despedida nos arranca alguma coisa. Alguma coisa a que tínhamos direito e nos deixa um sentimento incômodo de injustiça. Quem parte leva consigo algo que era direito nosso e que não poderia ter levado. Enquanto todo encontro constrói, a despedida por sua vez parece fazer o contrário: leva consigo alguns tijolos da nossa preciosa construção. Suportamos alguns vácuos mas com o tempo vamos ficando fragilizados...

Hoje me despedi do meu filho por não sei quanto tempo. Seis meses? Um ano? Quem sabe? Só a morte é pior do que a despedida, que na verdade é uma pequena morte.

A morte é uma despedida grande, grandona e desajeitada.

Nesse mundo a gente vai juntando despedidas de tal forma que a vida começa a ficar com cara de morte. O problema é que quando a morte se torna tão parecida assim com a vida a gente começa a se perguntar se vale a pena continuar.

Quando somos mais novos tiramos tudo de letra. É uma tristeza aqui, uma dor mais acolá, mas a gente tem certeza de que já vai passar e que muita coisa nova ainda virá para superar as perdas do dia-a-dia. Com o passar do tempo descobrimos que as grandes surpresas são, em sua maioria, mais despedidas com as quais não contávamos.

É impossível sofrer a despedida do Victor por ela só. É impossível encará-la como uma dor órfã, sem genealogia. Não, não é. É assim só na mais tenra juventude. Depois passa a não existir mais dor desacompanhada. Todas são cumulativas e se juntam a tantas outras e de tal forma buscam-se e se juntam que não sabemos mais separá-las umas das outras. Tudo forma um só novelo. Cinzento. Chora-se o adeus de hoje com os olhos no horizonte ainda percebendo o adeus de ontem. A dor de hoje recusa-se a doer sozinha.

Penso no Victor e lembro do Maurício. Penso no Maurício e lembro da mamãe, da vovó, do papai, da tia Tita, da Núbia e de tantos outros que não morreram mas também não estão aqui. Então penso nas despedidas que se juntam àquelas mortes e vejo que são todas da mesma natureza.

É assim que a gente vai se despedindo do mundo. As pessoas que vem depois não têm mais muito a ver conosco. Novos amigos? Como assim? Sem passado em comum? Sem piadas, gafes, formaturas, aniversários, doenças, brigas, choros e presentes? Sem saber como eu era? Como alguém que veio tão depois pode entender quem eu sou se não souber quem eu fui?

Um dia não vai mais valer a pena estar por aqui. As pessoas que envelheciam com a gente morreram. Só elas não sentiam o tempo passar para nós. Só elas nos viam sempre do mesmo jeito porque se metamorfoseavam conosco em ritmo idêntico e não percebíamos nossa decadência mútua justamente por ser mútua.

Os personagens da minha história vão-se indo ou por morte ou por distância. Sempre parece brusco. Eu preferia que evaporassem lentamente. “ Ir” é brusco e pesado demais.

Chegará um momento no qual será impossível continuar a compor a minha história com tão poucos personagens. Como imaginar próximos capítulos?

Quando não houver mais história a ser continuada... Quando a história não conseguir mais andar pra frente, só para trás no espelho da lembrança... Que Deus tenha a bondade de fechar logo a cortina. Não quero estar sozinha no palco.

Cristina Faraon

Algumas fotos da posse do Victor

16 de setembro de 2008 - Memorial JK - Brasília/DF

Procurador da Fazenda Nacional.

Agradecemos a Deus essa grande alegria!












Implicando com Paulo Coelho - I

Texto dele:

Da margem

No livro “Na margem do Rio Piedra eu sentei e chorei”, Pilar pede a seu amado que quebre um copo, enquanto jantam num restaurante.

“Sim, quebrar um copo. Um gesto aparentemente simples, mas que envolve pavores que nunca compreenderemos direito. É o proibido. Copos não se quebram de propósito; quando entramos em restaurantes ou em nossas casas, tomamos cuidado para que copos não fiquem na beira da mesa. Morremos de medo de quebrar copos”.

“Entretanto, quando sem querer derrubamos um, vemos que não é tão grave assim. O garçom diz ‘não tem importância’, e ‘nunca vi um copo quebrado ser incluído na conta do restaurante’”.

“Quebrar copos faz parte da vida; faça isto agora, mesmo que a gente tenha que pagar depois. Às vezes, um gesto bobo nos liberta de preconceitos malditos, da mania de explicar tudo, de só fazer aquilo que os outros aprovam”.

Meu comentário:

Gosto de entrar no blog do Paulo Coelho. Geralmente me divirto bastante com as tolices que ele escreve querendo parecer profundo. No blog dele você poderá encontrar um monte de texto "nada a ver" que te farão rir. Recomendo a leitura porque rir faz bem.

Acontece que dessa vez não ri. Confesso que achei interessante o que ele escreveu.

Quantas vezes vivemos assombrados com medo de errar. Ninguém quer errar! Vivemos para acertar e ser felizes mas o percurso dessa vida é escarpado e às vezes "um copo se quebra".

O que apreciei no texto foi o seu poder calmante, digamos assim. Após quebrarmos um copo, olhamos ao redor e entendemos que o mundo não se acabou por causa disso. Não foi o fim de nada a não ser daquele copo que não tinha, em si mesmo, o poder de alterar grandemente a realidade.

Supervalorizamos nossos tropeços e vivemos com medo. A vida é maior do que meus pequenos erros. Quebrar copos não deveria nos parecer tão assustador.

Pois é.

(http://colunas.g1.com.br/paulocoelho/2008/09/12/da-margem/#comment-28164)

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