Um conto encomendado

Em resumo, não havia nada de errado com aquela mulher. Nada objetivo. Mesmo assim ela se angustiava por tudo o que não lhe aconteceu na vida e por tanto tempo se prolongara aquele sentimento, que já nem sabia se  deveria ou não desistir dos seus sonhos.



Sua avó lhe dizia que a frase "nunca desista dos seus sonhos" não era um bom conselho. Não podemos desistir dos sonhos que dependem de nós para serem alcançados mas outras  realizações são diferentes. Quando a realização do sonhos depende de outros... às vezes não vale a pena continuar.

O pensador obssessivo é um pescador tolo fazendo barulho no mar dos mistérios da vida.


Ela adorava ficar só.  Às vezes ia ao sítio da sua tia. Era bom. E lia, entrecortando as páginas com breves cochilos. Uma formiga, uma folha no rosto, um grilo... Cada hora era um pequeno evento que a acordava.  Só que um dia aconteceu uma coisa diferente.

A semana havia sido muito difícil e aquela sexta feira apontava para a hora de "fugir".

A noite parecia um pouco mais triste naquela localidade. Convidou a filha da caseira para tomar sopa e conversar. A menina era graciosa e um pouco tímida, mas eram amigas. Contava uns seis anos de idade. Nessas horas ela sempre fazia de conta que a menininha era sua. Pequena fantasia inocente, que a mãe da garota percebia mas não se incomodava. "- Talvez eu não possa ter filhos. Se não puder, se eles nunca vierem, essa será a minha filhinha secreta, do meu coração. Ela há de lembrar de mim, das histórias que contei, e me amará. Serei para ela uma espécie de fada madrinha. Ela nunca se esquecerá de mim nem eu me esquecerei dela."

A garota era filha única de sua mãe e de fato chamava a moça de "tia" com uma doçura tão grande que em seu coração ela escutava como "mãe".  Sempre lhe levava um presentinho: um par de chinelinhos novos, calcinha, chocolate, roupinhas para a sua boneca, livro de colorir, biscoitos recheados. Sempre.

Sábado pela manhã - linda manhã! Ficou na casa fazendo biscoitos de bichinhos com Marianinha. Depois do almoço preferiu retirar-se. Seu lugar preferido era aquela pé de jambo bem à beira do igarapé. Era um igarapé raso, de águas escuras e geladas. Refletia todas as árvores ao seu redor, como se dentro dele houvesse uma floresta de vidro. Abriu a esteira e sentou-se com seu livro para mais uma "viagem". Adorava Monteiro Lobato. Gostava de imaginar que entrando naquele lago, assim como aconteceu com Narizinho, ela poderia conhecer o Reino das Águas Claras. Talvez ficasse por lá. Talvez seu amor estivesse lá, no fundo do igarapé.

Era lindo o Reino das Águas Claras descrito por Monteiro Lobato e o Sítio do Pica-Pau amarelo deveria ser  parecido com aquele, da sua tia. Eram tão criativas e envolventes aquelas cenas das aventuras que vez por outra ela mesma  interrompia a leitura para fechar os olhos e imaginar-se em um local assim, onde coisas absurdas poderiam acontecer.

Se pudesse ir ao Reino das Águas Claras talvez fosse mais fácil ser feliz:, ter filhos, um lar, um homem apaixonado. Teria segurança, amigos, sua casa seria acolhedora, ela seria fluente e desembaraçada, uma mulher forte, uma mãe maravilhosa. Haveria cortininhas, almofadas, doces, roupas cheirosas e além das muitas plantas e flores delicadas e mimadas.

Em dado momento caiu uma folha em seu rosto. Foi quando tentou abrir os olhos, mas não conseguiu. Nem se mexer. Parecia-lhe que estava acordada. Parecia ter ouvido umas galinhas cacarejando mas não conseguia fazer nada. Estava presa!  Aos poucos teve a sensação de estar escorregando para dentro do igarapé... Não sentia mais o livro em suas mãos. ele sumira ou... ou se tornava realidade. Conforme ia entrando na água seu olhos se abriram e... Nossa!  Aconteceu!

Se era um delírio, um sonho ou meio-sonho, não importava. Haveria de acabar e ela se levantaria de lá para jantar e dormir mas por enquanto queria viver aquela loucura.

Era lindo o seu "Reino das Águas Escuras".  Os peixes eram como pássaros: "voaram"  coloridos pelo seu trajeto. Plantas diferentes, pedras... Não parecia mais o fundo de um igarapé, mas o fundo do mar.

Estava certa de que o tempo não passava pois em algum lugar do universo o tempo realmente não existe. Havia mesmo aprendido que o tempo é uma ficção e naquele momento isso lhe pareceu muito obvio.

Ao manusear  uma estranha planta que encontrou, notou em sua mão uma aliança de ouro. Uma aliança? Achou estranho e mas não demorou pensando nisso proque havia coisas demais a chamar sua atenção.

Havia até sereias! Falavam sem parar e riam muito. Uma delas, de cabelos verdes, aproximou-se. A voz parecia música, era estranhamente suave. Ela falava como quem fala em sonhos, em sussurros.  Conversaram muito. Foi quando ficou sabendo que sereias dormiam nas rochas submarinas e não tinham maridos. Disse isso quando olhou para a mão da moça, que tinha uma misteriosa aliança. Entre sereias não havia esse tipo de vínculo.  Reproduziam-se mas jamais deixavam de ser irmãos uns dos outros. Não formavam casais, apenas famílias.  Viviam em cardumes festivos e não conseguiam entender as idéias românticas dos humanos. Achavam suas vidas muito mais simples. E era.

A menina-peixe disse também: "- Como você é feliz!   Adoro olhar sua casa azul, cravejada de pedrinhas. Seu marido é tão belo como um sereio, mas tem lindas pernas e te dá muito amor.  Não sinto necessidade disso, mas já sei como essas coisas lhes parece importantes. Esqueceu novamente onde mora?  É normal dar esquecimento em quem vem aqui. Mas não se preocupe, eu sei o caminho. Vou até lá com você. Está na hora do seu filhinho jantar."

"- Que surpresa! Tenho um filhinho!"   Foi quando olhou para si e descobriu estar vestida com uma trama delicadíssima de algas, formando um vestido de malha verde, magnífico e longo. No pescoço, uma corrente. O pingente era a foto de um homem lindo pelo qual, na primeira olhada, se apaixonou. A sereia riu e disse: "Muito lindo o seu marido. Pena que não tem cauda. Vamos!"

Depois de um longo caminho eparou-se com sua casa. Havia uma paz gostosa lá dentro e um cheiro de comida.

Uma ansiedade opressiva tomou conta do seu coração. Era agora, exatamente agora que ela conheceria o amor da sua vida, o homem que a fez a mulher mais feliz do mundo! Com quem tinha um lar e um lindo filho. Quisera que esse sonho não acabasse jamais porque ela estava absolutamente feliz, como sempre sonhou.

A porta estava aberta. Entrou ansiosa mas sorridente e ouviu alguém chamar  "mamãe!"  Correu cheia de amor, pronta para dar um abraço apertado naquele serzinho que nem conhecia mas já amava muito naquele lugar inexplicável. O menino tinha cabelos muito negros e os olhos também, como duas pedras de ônix. Agarrou-o sem saudade. Era como se nunca tivesse saído de perto dele; como se há anos estivesse ali, feliz e completa.

Não tinha mais curiosidade em saber como era seu marido. De repente lembrou de tudo. Sabia como ele era, cada detalhe de seu corpo, o tom de sua voz, tudo! A comida já estava pronta à mesa e da porta ouvia o som de seus passos. Olhou-o e seu rosto era absolutamente familiar. Espantosametne familiar e nenhum sentimento exaltado de paixão tomou seu coração. Sentia um amor calmo e acostumado. Estavam juntos há anos!

Conversaram muito, se amaram. Ao dormirem, de madrugada ela acordava vez por outra só para constatar que ainda estava ali. Era incrível ainda não ter sido novamente transportada para "o mundo seco". Chegou mais perto do seu marido, cheirou seus cabelos... Ele acordou, abraçou-a e voltou a dormir. Foi ao quarto da criança e lá estava seu lindo filho, tranquilo e aconchegado.

Passeavam todos os finais de tarde, os três. Riam, brincavam. Na maioria das vezes não falavam em coisas sérias. Faziam planos de vaigens, imaginavam como o menininho seria quando crescesse, idealizavam outros filhos... A noite era só paz. Iam a festas, tinham muitos amigos. Nada lhe faltava.

Uma manhã qualquer ela deitou a cabeça no ombro de seu querido e falou sobre aquele mundo e sobre  "o mundo seco" . Disse que não queria mais voltar para lá, pois nunca fora feliz naquele lugar. Queria ficar para sempre naquele "Reino das Águas Negras", que era o seu paraíso.

O rapaz olhou profundamente eu seus olhos e disse que aquilo era impossível. Tanto no mundo seco quanto nas águas, TODOS os sonhos se acabam. A vida perfeita que ela tinha agora iria acabar, assim como a vida imperfeita acabava. A nossa existência é isso mesmo: alternância de épocas aparentemente boas com as aparentemente ruins. Ninguém sabe ao certo o que é bom ou o que é ruim porque as coisas boas tem sempre uma parte prejudicial e as coisas ruins tem semper um lado positivo.

Ela assustou-se. Não, não queria voltar! como seria agora, sem seu filho? Sem o homem da sua vida?

Ele falou, pacientemente, que TODAS as mulheres perdem seus filhos e os seus maridos um dia. Mais cedo ou mais tarde isso acontece. Ninguém tem ninguém para sempre.

"-Não! Não! Não aceito isso!"   gritou a moça, com muito medo.
"- Não depende de você aceitar! A vida é assim. 
- "Não!"

Por um momento ela parou e teve a nítida convicção de que morreria de amargura no momento em que perdesse aquela felicidade. Não podia, ela enlouqueceria! Esperou muito tempo por aquilo; não poderia acordar e tudo simplesmente acabar.

Sentiu uma formiga percorrer seu braço. Formiga? Não havia formiga. Mas sentia. E sentia também o vento em seu rosto embora nas águas não houvesse vento, apenas ondas suaves. Percebeu que iria acordar e o pânico tomou conta de tudo. Quanto mais medo sentia, mais seu coração batia e essas batidas a despertaram completamente.

Novamente estava ali, debaixo da árvore com o livro caído ao seu lado. Havia adormecido. Por quanto tempo? A tarde se despedia com matizes vermelhos no céu. Calculou que dormiu umas três horas seguidas. Seu pescoço doía ligeiramente e em seu vestido muitas folhas se acumularam.

Ainda estava atônita com tudo: o sonho, a família que deixara ali dentro do igarapé. Que coisa estranha!

Voltou para casa onde um silêncio acolhedor a esperava. "Melhor não pensar demais..." Mas pensou muito em seu travesseiro. Custou a dormir e quando adormeceu não teve sonhos. Era um sono em branco, estéril e leve.

Passou a semana toda tentando traduzir o que lhe havia acontecido. Algo estranho havia sido operado dentro dela. Não foi sonho! Ela sentia seu lar, seu marido e filho dentro de seu coração. Sentia os anos que passaram misteriosamente juntos. Não sabia dizer como, mas era real.

Olhou para dentro de si mesma e viu que, de tudo, restou uma saudade tranquila. É como se fosse idosa e há muitos anos aquilo tivesse acontecido. Era esse tipo de saudade, não saudade presente e desesperadora, mas saudade de quem olha fotografias amareladas.

O grande sonho da sua mocidade se realizou completamente.  tudo aconteceu em algum lugar. Não saberia dizer como, se em outra vida ou dimensão. Havia um lugar onde ela foi casada e feliz. Havia um lugar onde um homem a amou profundamente.

Ela agora estava completa.  Deve ter sido milagre. Agora sim ela seguiria sua vida em paz, sem frustrações.  Era real e era segredo. Ninguém acreditaria e ela não percisava que alguém acreditasse.  Não queria outro homem nem outros filhos. Já os teve e foi feliz pelo tempo que Deus lhe deu.

Estranhamente a vida agora se sentia completa. Olhou de repente sua mão.... Que susto! ali estava uma velha aliança de ouro, arranhada, gasta. Sorriu e sentou-se novamente a mulher completa que sempre quis ser.

Por que não?

Por que não sair domingo de manhã, bater perna, olhar o mundo? Hoje finalmente peguei minha bicicleta e resolvi dar uma conferida no povo.

Andar de bicicleta é muito mais agradável do que andar de carro. Você se sente voando, pára onde quer para checar qualquer coisa, olha tudo de perto, as pessoas... Sobe na calçada, se sente mais viva. Foi assim que me senti hoje: mais viva, mais "em contato". Carro aliena muito a gente. Fechamos todos os vidros e segue-se que nos tornamos intocáveis. Olhamos lá de dentro "os outros". De bicicleta você também é os outros, se sente mais vivo e é deliciosa a sensação. Você vê as crianças, os cachorros, os corredores, os outros ciclistas, as árvores, as folhas... tudo de perto. No carro é como assitir cinema em alta definição. Você vê mas parece que não está lá; está além ou aquém. Na bicicleta  focê está dentro do filme, faz parte e interage.

Você está enganado: não acho que eu esteja exagerando.

Deveriam parar de denegrir a imagem do domingo. Sair dizendo por aí que ele é um dia morto, feito apenas para virar e revirar na cama não é justo.

O sábado é um dia ainda frenético no qual xingo todo mundo que está na rua. Não saíram na sexta a noite? Por que não vão dormir para eu poder sair em paz e resolver meus assuntos sem engarrafamento? Não, sábado ainda é dia de estress, ainda é "dia da semana" e de trabalho. Tô pra virar adventista só para militar contra isso.

Domingo não, é diferente! E você só saberá disso se sair dessa murrinha e ir para a praça tomar água de coco. Domingo é o dia que vemos mais crianças circulando.

Os mortos não se misturam. Há o mundo dos vivos e o mundo dos mortos. Acho que a gente tem mais é que se misturar, interagir, fazer parte dos cenários.

RECONQUISTANDO PARAÍSOS

Chimamanda Ngozi Adichie é uma escritora nigeriana, que nasceu em 15 de setembro de 1977, em Abba, no estado de Anambra. Cresceu na cidade universitária de Nsukka, no leste do seu país, onde se situa a Universidade da Nigéria. Seu pai era professor de Estatística na universidade, sua mãe trabalhava como secretária no mesmo local. Quando completou dezenove anos, deixou a Nigéria e se mudou para os Estados Unidos da América. Depois de estudar na Universidade Drexel, na Filadélfia, Chimamanda se transferiu para a Universidade de Connecticut. Fez estudos de escrita criativa na Universidade John Hopkins de Baltimore, e mestrado de estudos africanos na Universidade Yale. Sua primeira novela, Purple Hibiscus (Hibisco roxo), foi publicada em 2003. A segunda novela, Half of a Yellow Sun (Meio sol amarelo), foi assim chamada em homenagem à bandeira da Biafra, e trata de antes e durante a guerra de Biafra. Foi publicada pela editora Knopf/Anchor em 2006, e ganhou o Orange Prize para ficção em 2007.

Certa vez, ela contou isto (para uma platéia):

- Eu sou uma contadora de histórias e gostaria de contar a vocês algumas histórias pessoais sobre o que eu gosto de chamar "o perigo de uma história única". Eu cresci num campus universitário no leste da Nigéria. Minha mãe diz que eu comecei a ler com dois anos, mas eu acho que quatro é provavelmente mais próximo da verdade. Então, eu fui uma leitora precoce. E o que eu lia eram livros infantis britânicos e americanos. Eu fui também uma escritora precoce. E quando comecei a escrever, por volta dos sete anos, histórias com ilustrações em giz de cera, que minha pobre mãe era obrigada a ler, eu escrevia exatamente os tipos de histórias que eu lia. Todos os meus personagens eram brancos de olhos azuis. Eles brincavam na neve. Comiam maçãs. E eles falavam muito sobre o tempo, em como era maravilhoso o sol ter aparecido, apesar do fato que eu morava na Nigéria.

Eu nunca havia estado fora da Nigéria. Nós não tínhamos neve, nós comíamos mangas. E nós nunca falávamos sobre o tempo porque não era necessário. Meus personagens também bebiam muita cerveja de gengibre porque as personagens dos livros britânicos que eu lia bebiam cerveja de gengibre. Não importava que eu não tivesse a mínima ideia do que era cerveja de gengibre. E por muitos anos depois, eu desejei desesperadamente experimentar cerveja de gengibre. Mas isso é outra história. A meu ver, o que isso demonstra é como nós somos impressionáveis e vulneráveis em face de uma história, principalmente quando somos crianças. Porque tudo que eu havia lido eram livros nos quais as personagensn eram estrangeiras, eu convenci-me de que os livros, por sua própria natureza, tinham que ter estrangeiros e tinham que ser sobre coisas com as quais eu não podia me identificar.

Bem, as coisas mudaram quando eu descobri os livros africanos.

Não havia muitos disponíveis e eles não eram tão fáceis de encontrar quanto os livros estrangeiros, mas devido a escritores como Chinua Achebe e Camara Laye eu passei por uma mudança mental em minha percepção da literatura. Eu percebi que pessoas como eu, meninas com a pele da cor de chocolate, cujos cabelos crespos não poderiam formar rabos-de-cavalo, também podiam existir na literatura.
Eu comecei a escrever sobre coisas que eu reconhecia. Bem, eu amava aqueles livros americanos e britânicos que eu lia. Eles mexiam com a minha imaginação, me abriam novos mundos. Mas a consequência inesperada foi que eu não sabia que pessoas como eu podiam existir na literatura. Então o que a descoberta dos escritores africanos fez por mim foi: salvou-me de ter uma única história sobre o que os livros são.

Eu venho de uma família nigeriana convencional, de classe média. Meu pai era professor. Minha mãe, administradora. Então nós tínhamos como era normal, empregada doméstica, que frequentemente vinha das aldeias rurais próximas. Então, quando eu fiz oito anos, arranjamos um novo menino para a casa. Seu nome era Fide. A única coisa que minha mãe nos disse sobre ele foi que sua família era muito pobre. Minha mãe enviava inhames, arroz e nossas roupas usadas para sua família. E quando eu não comia tudo no jantar, minha mãe dizia: "Termine sua comida! Você não sabe que pessoas como a família de Fide não tem nada?" Então eu sentia uma enorme pena da família de Fide.

Então, num sábado, nós fomos visitar a sua aldeia e sua mãe nos mostrou um cesto com um padrão lindo, feito de ráfia seca por seu irmão. Eu fiquei atônita! Nunca havia pensado que alguém em sua família pudesse realmente criar alguma coisa. Tudo que eu tinha ouvido sobre eles era como eram pobres, assim havia se tornado impossível pra mim vê-los como alguma coisa além de pobres. Sua pobreza era minha história única sobre eles.

Anos mais tarde, pensei nisso quando deixei a Nigéria para cursar universidade nos Estados Unidos. Eu tinha 19 anos. Minha colega de quarto americana ficou chocada comigo. Ela perguntou onde eu tinha aprendido a falar inglês tão bem e ficou confusa quando eu disse que, por acaso, a Nigéria tinha o inglês como sua língua oficial. Ela perguntou se podia ouvir o que ela chamou de minha "música tribal" e, consequentemente, ficou muito desapontada quando eu toquei minha fita da Mariah Carey. Ela presumiu que eu não sabia como usar um fogão.

O que me impressionou foi que: ela sentiu pena de mim antes mesmo de ter me visto. Sua posição padrão para comigo, como uma africana, era um tipo de arrogância bem intencionada, piedade. Minha colega de quarto tinha uma única história sobre a África. Uma única história de catástrofe. Nessa única história não havia possibilidade de os africanos serem iguais a ela, de jeito nenhum. Nenhuma possibilidade de sentimentos mais complexos do que piedade. Nenhuma possibilidade de uma conexão como humanos iguais.

Eu devo dizer que antes de ir para os Estados Unidos, eu não me identificava, conscientemente, como uma africana. Mas nos EUA, sempre que o tema África surgia, as pessoas recorriam a mim. Não importava que eu não soubesse nada sobre lugares como a Namíbia. Mas eu acabei por abraçar essa nova identidade. E, de muitas maneiras, agora eu penso em mim mesma como uma africana. Entretanto, ainda fico um pouco irritada quando se referem à África como um país. O exemplo mais recente foi meu maravilhoso voo de Lagos, dois dias atrás, não fosse um anúncio de um voo da Virgin sobre o trabalho de caridade na "Índia, África e outros países".

Então, após ter passado vários anos nos EUA como uma africana, eu comecei a entender a reação de minha colega para comigo. Se eu não tivesse crescido na Nigéria e se tudo que eu conhecesse sobre a África viesse das imagens populares, eu também pensaria que a África fosse um lugar de lindas paisagens, lindos animais e pessoas incompreensíveis, lutando guerras sem sentido, morrendo de pobreza e AIDS, incapazes de falar por elas mesmas e esperando serem salvos por um estrangeiro branco e gentil. Eu veria os africanos do mesmo jeito que eu, quando criança, havia visto a família de Fide.

Eu acho que essa única história da África vem da literatura ocidental. Então, aqui temos uma citação de um mercador londrino chamado John Locke, que navegou até o oeste da África em 1561 e manteve um fascinante relato de sua viagem. Após referir-se aos negros africanos como "bestas que não tem casas", ele escreve: "Eles também são pessoas sem cabeças, que “têm sua boca e olhos em seus seios.” Eu rio toda vez que leio isso, e deve-se admirar a imaginação de John Locke. Mas o que é importante sobre sua escrita é que ela representa o início de uma tradição de contar histórias africanas no Ocidente. Uma tradição da África subsaariana como um lugar negativo, de diferenças, de escuridão, de pessoas que, nas palavras do maravilhoso poeta, Rudyard Kipling, são "metade demônio, metade criança".

E então eu comecei a perceber que minha colega de quarto americana deve ter, por toda sua vida, visto e ouvido diferentes versões de uma única história. Como um professor, que uma vez me disse que meu romance não era "autenticamente africano". Bem, eu estava completamente disposta a afirmar que havia uma série de coisas erradas com o romance, que ele havia falhado em vários lugares. Mas eu nunca teria imaginado que ele havia falhado em alcançar alguma coisa chamada autenticidade africana. Na verdade, eu não sabia o que era "autenticidade africana". O professor me disse que minhas personagens pareciam-se muito com ele, um homem educado de classe média. Minhas personagens dirigiam carros, elas não estavam famintas. Por isso elas não eram autenticamente africanas.

Mas eu devo rapidamente a crescentar que eu também sou culpada na questão da única história. Alguns anos atrás, eu visitei o México saindo dos EUA. O clima político nos EUA àquela época era tenso. E havia debates sobre imigração. E, como frequentemente acontece na América, imigração tornou-se sinônimo de mexicanos. Havia histórias infindáveis de mexicanos como pessoas que estavam espoliando o sistema de saúde, passando às escondidas pela fronteira, sendo presos na fronteira, esse tipo de coisa. Eu me lembro de andar no meu primeiro dia por Guadalajara, vendo as pessoas indo trabalhar, enrolando tortilhas no supermercado, fumando, rindo. Eu me lembro que meu primeiro sentimento foi surpresa. E então eu fiquei oprimida pela vergonha. Eu percebi que eu havia estado tão imersa na cobertura da mídia sobre os mexicanos que eles haviam se tornado uma coisa em minha mente: o imigrante abjeto. Eu tinha assimilado a única história sobre os mexicanos e eu não podia estar mais envergonhada de mim mesma. Então, é assim que se cria uma única história: mostre um povo como uma coisa, como somente uma coisa, repetidamente, e será o que ele se tornará.

É impossível falar sobre única história sem falar sobre poder. Há uma palavra, uma palavra da tribo Igbo, que eu lembro sempre que penso sobre as estruturas de poder do mundo, e a palavra é "nkali".

É um substantivo que livremente se traduz: "ser maior do que o outro". Como nossos mundos econômico e político, histórias também são definidas pelo princípio do "nkali". Como são contadas, quem as conta, quando e quantas histórias são contadas, tudo realmente depende do poder. Poder é a habilidade de não só contar a história de outra pessoa, mas de fazê-la a história definitiva daquela pessoa. O poeta palestino Mourid Barghouti escreve que se você quer destituir uma pessoa, o jeito mais simples é contar sua história, e começar com "em segundo lugar". Comece uma história com as flechas dos nativos americanos, e não com a chegada dos britânicos, e você tem uma história totalmente diferente. Comece a história com o fracasso do estado africano e não com a criação colonial do estado africano e você tem uma história totalmente diferente.

Recentemente, eu palestrei numa universidade onde um estudante me disse que era uma vergonha que homens nigerianos fossem agressores físicos como a personagem do pai no meu romance. Eu disse a ele que eu havia terminado de ler um romance chamado "Psicopata Americano" - e que era uma grande pena que jovens americanos fossem assassinos em série. É óbvio que eu disse isso num leve ataque de irritação.

Nunca havia me ocorrido pensar que só porque eu havia lido um romance no qual uma personagem era um assassino em série, que isso era, de alguma forma, representativo de todos os americanos. E agora, isso não é porque eu sou uma pessoa melhor do que aquele estudante, mas, devido ao poder cultural e econômico da América, eu tinha muitas histórias sobre a América. Eu havia lido Tyler, Updike, Steinbeck e Gaitskill. Eu não tinha uma única história sobre a América.

Quando eu soube, alguns anos atrás, que escritores deveriam ter tido infâncias realmente infelizes para ter sucesso, eu comecei a pensar sobre como eu poderia inventar coisas horríveis que meus pais teriam feito comigo. (Risos da plateia) Mas a verdade é que eu tive uma infância muito feliz, cheia de risos e amor, em uma família muito unida.

Mas também tive avós que morreram em campos de refugiados. Meu primo Polle morreu porque não teve assistência médica adequada. Um dos meus amigos mais próximos, Okoloma, morreu num acidente aéreo porque nossos caminhões de bombeiros não tinham água. Eu cresci sob governos militares repressivos que desvalorizavam a educação, então, por vezes, meus pais não recebiam seus salários. E então, ainda criança, eu vi a geleia desaparecer do café-da-manhã, depois a margarina desapareceu, depois o pão tornou- se muito caro, depois o leite ficou racionado. E acima de tudo, um tipo de medo político normalizado invadiu nossas vidas.

Todas essas histórias fazem de mim quem eu sou. Mas insistir somente nessas histórias negativas é superficializar minha experiência e negligenciar as muitas outras histórias que me formaram. A “única história cria estereótipos”. E o problema com estereótipos não é que eles sejam mentira, mas que eles sejam incompletos. Eles fazem uma história tornar-se a única história.

Claro, África é um continente repleto de catástrofes. Há as enormes, como as terríveis violações no Congo. E há as depressivas, como o fato de 5.000 pessoas candidatarem-se a uma vaga de emprego na Nigéria. Mas há outras histórias que não são sobre catástrofes. E é muito importante, é igualmente importante, falar sobre elas. Eu sempre achei que era impossível relacionar-me adequadamente com um lugar ou uma pessoa sem relacionar-me com todas as histórias daquele lugar ou pessoa. A consequência de uma única história é essa: ela rouba das pessoas sua dignidade. Faz o reconhecimento de nossa humanidade compartilhada difícil. Enfatiza como nós somos diferentes ao invés de como somos semelhantes. E se antes de minha viagem ao México eu tivesse acompanhado os debates sobre imigração de ambos os lados, dos Estados Unidos e do México? E se minha mãe nos tivesse contado que a família de Fide era pobre E trabalhadora? E se nós tivéssemos uma rede televisiva africana que transmitisse diversas histórias africanas para todo o mundo? O que o escritor nigeriano Chinua Achebe chama "um equilíbrio de histórias."

E se minha colega de quarto soubesse do meu editor nigeriano, Mukta Bakaray, um homem notável que deixou seu trabalho em um banco para seguir seu sonho e começar uma editora? Bem, a sabedoria popular era que nigerianos não gostam de literatura. Ele discordava. Ele sentiu que pessoas que podiam ler, leriam se a literatura se tornasse acessível e disponível para elas.

Logo após ele publicar meu primeiro romance, eu fui a uma estação de TV em Lagos para uma entrevista. E uma mulher que trabalhava lá como mensageira veio a mim e disse: "Eu realmente gostei do seu romance, mas não gostei do final. Agora você tem que escrever uma sequência, e isso é o que vai acontecer..." (Risos da plateia). E continuou a me dizer o que escrever na sequência. Agora eu não estava apenas encantada, eu estava comovida. Ali estava uma mulher, parte das massas comuns de nigerianos, que não se supunham ser leitores. Ela não só tinha lido o livro, mas ela havia se apossado dele e se sentia no direito de me dizer o que escrever na sequência.

Agora, e se minha colega de quarto soubesse de minha amiga Fumi Onda, uma mulher destemida que apresenta um show de TV em Lagos, e que está determinada a contar as histórias que nós preferimos esquecer? E se minha colega de quarto soubesse sobre a cirurgia cardíaca que foi realizada no hospital de Lagos na semana passada? E se minha colega de quarto soubesse sobre a música nigeriana contemporânea? Pessoas talentosas cantando em inglês e Pidgin, e Igbo e Yoruba e Ijo, misturando influências de Jay-Z a Fela, de Bob Marley a seus avós. E se minha colega de quarto soubesse sobre a advogada que recentemente foi ao tribunal na Nigéria para desafiar uma lei ridícula que exigia que as mulheres tivessem o consentimento de seus maridos antes de renovarem seus passaportes? E se minha colega de quarto soubesse sobre Nollywood, cheia de pessoas inovadoras fazendo filmes apesar de grandes questões técnicas? Filmes tão populares que são realmente os melhores exemplos de que nigerianos consomem o que produzem. E se minha colega de quarto soubesse da minha maravilhosamente ambiciosa trançadora de cabelos, que acabou de começar seu próprio negócio de vendas de extensões de cabelos? Ou sobre os milhões de outros nigerianos que começam negócios e às vezes fracassam, mas continuam a fomentar ambição?

Toda vez que estou em casa, sou confrontada com as fontes comuns de irritação da maioria dos nigerianos: nossa infraestrutura fracassada, nosso governo falho. Mas também pela incrível resistência do povo que prospera apesar do governo, ao invés de devido a ele. Eu ensino em workshops de escrita em Lagos todo verão. E é extraordinário pra mim ver quantas pessoas se inscrevem, quantas pessoas estão ansiosas por escrever, por contar histórias. Meu editor nigeriano e eu começamos uma ONG chamada Farafina Trust. E nós temos grandes sonhos de construir bibliotecas e recuperar bibliotecas que já existem e fornecer livros para escolas estaduais que não têm nada em suas bibliotecas, e também organizar muitos e muitos workshops, de leitura e escrita para todas as pessoas que estão ansiosas para contar nossas muitas histórias. Histórias importam. Muitas histórias importam. Histórias têm sido usadas para expropriar e tornar maligno. Mas histórias podem também ser usadas para capacitar e humanizar. Histórias podem destruir a dignidade de um povo, mas histórias também podem reparar essa dignidade perdida. A escritora americana Alice Walker escreveu isso sobre seus parentes do sul que haviam se mudado para o norte. Ela os apresentou a um livro sobre a vida sulista que eles tinham deixado para trás. "Eles sentaram-se em volta, lendo o livro por si próprios, ouvindo-me ler o livro e um tipo de paraíso foi reconquistado." 
 
Eu gostaria de finalizar com esse pensamento: Quando nós rejeitamos uma única história, quando percebemos que nunca há apenas uma história sobre nenhum lugar, nós reconquistamos um tipo de paraíso.

Um minutinho - PENSE COMIGO

Internacionalização da Amazônia

Durante debate em uma universidade, nos Estados Unidos,o ex-governador do DF, ex-ministro da educação e atual senador CRISTÓVAM BUARQUE, foi questionado
sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia.

O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um brasileiro. Esta foi a resposta do Sr.Cristóvam Buarque:

"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso.

"Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.

"Se a Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro.O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou
diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço."

"Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser
internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.

"Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França.
Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural Amazônico, seja manipulado e instruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito, um milionário japonês,decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.

"Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York,
como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua historia do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.

"Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas
mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maiores do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.

"Defendo a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro.

"Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa!

2010: Cristais quebrados




Não é necessário ser profeta para revelar antecipadamente o que será o ano eleitoral de 2010.

Ou existe alguém com tamanha ingenuidade para acreditar que o “fascismo galopante” que aparelhou o estado brasileiro, vá, pacificamente, entregar a um outro presidente, que não seja do esquema lulista, os cargos, as benesses, os fundos de pensão, o nepotismo, enfim, a mais deslavada corrupção jamais vista no Brasil?

Lula, já declarou, que (sic) “2010 vai pegar fogo!”. Entenda-se por mais esta delicadeza gramatical, golpes abaixo da cintura: Dossiês falsos, PCC “em rebelião”, MST convulsionando o país… Que a lei de Godwin me perdoe - mas assistiremos em versão tupiniquim, a Kristallnacht, A Noite dos Cristais que marcou em 1938 o trágico início do nazismo na Alemanha.

E os “judeus” serão todos os democratas, os meios de comunicação não cooptados (verificar mais uma tentativa de cercear a liberdade de expressão no país: em texto aprovado pelo diretório nacional do PT, é proposto o controle público dos meios de comunicação e mecanismos de sanção à imprensa). Tudo isso para a perpetuação no poder de um partido que traiu um discurso de ética e moralidade ao longo de mais de 25 anos e, gradativamente, impõe ao país um assustador viés autoritário. Não se surpreendam: Há todo um lobby nacional e internacional visando a manutenção de Lula no poder.

Prêmios, como por exemplo, o Chatham House, em Londres, que contou com “patrocínios” de estatais como Petrobras, BNDS e Banco do Brasil, sem, até agora, uma explicação convincente por parte dos “patrocinadores”; matérias em revistas estrangeiras, enaltecendo o “mantenedor da estabilidade na América Latina”. Ou seja: a montagem virtual de um grande estadista…

Na verdade, Lula, é o übermensch dos especuladores que lucram como “nunca na história deste país”.

Sendo assim, quem, em perfeito juízo, pode supor que este ególatra passará, democraticamente, a faixa presidencial para, por exemplo, José Serra, ou mesmo Aécio Neves?

Pelo que já vimos de “inaugurações” de obras que sequer foram iniciadas, de desrespeito às leis eleitorais, do boicote às CPIs, como o da Petrobras, do MST e tantos outros “deslizes”, temos o suficiente para imaginar o que será a “disputa” eleitoral em 2010.

Confiram.

*Ator

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